Por causa de Baile funk já matou seis em Cidade Tiradentes
Só neste ano, o bairro já foi palco de seis mortes em três pancadões e ninguém foi preso.
Os moradores de Cidade Tiradentes viveram mais uma madrugada sangrenta, no último domingo, durante um baile funk. Como em outras duas vezes, dois jovens acabaram baleados e mortos.
Só neste ano, o bairro já foi palco de seis mortes em três pancadões. E nos três casos, ninguém foi preso.
Na primeira ocorrência, os assassinatos aconteceram na mesma rua dos crimes de domingo passado, a Cachoeira do Rio Grande. Por lá, as festas ocorrem há pelo menos três anos, atormentando moradores.
De acordo com a Polícia Civil, no caso de domingo, ocupantes de um carro preto passaram atirando diversas vezes contra o estudante Jhonatan Cloves de Oliveira, de 17 anos, e Clemer Pimenta Neri, 18, que estavam parados sobre uma moto Suzuki, roubada.
Jhonatan levou 11 tiros, e Clemer, dez. Ambos foram socorridos ao Hospital de Cidade Tiradentes, mas não resistiram.
Uma ajudante de cozinha, de 41 anos, que não teve o nome divulgado, voltava do trabalho e tinha acabado de descer do ônibus, quando também foi baleada. Por sorte, o tiro a acertou de raspão no braço. Ela foi socorrida e não corre riscos.
Após as mortes, algumas pessoas continuaram no baile e colocaram fogo em pneus. Pedras e outros objetos foram jogados em viaturas da PM que tentavam preservar o local. Por conta da violência, a perícia não pôde ser realizada. Os agentes usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar a multidão.
RECORRENTE /As outras duas mortes na Rua Cachoeira do Campo Grande aconteceram em 2 de janeiro, quando dois suspeitos num carro roubado entraram no baile funk e atropelaram frequentadores.
Testemunhas contaram à polícia que a pena imposta para eles foi a morte. Após serem baleados, o veículo foi incendiado e abandonado no local.
O outro caso ocorreu no dia 11 de fevereiro, a cerca de 3,5 quilômetros de distância da Rua Cachoeira. Segundo a Polícia Civil, José Lucas Carvalho dos Santos, 17, e Max Jhony Pereira Salles, 18, tinham acabado de chegar ao baile quando foram baleados na cabeça.
‘É MELHOR VOCÊ SE MUDAR DE BAIRRO’, DIZ PM A UM MORADOR/“Acho melhor você se mudar de bairro.” Essa foi a frase que um morador da Rua Cachoeira do Rio Grande, de 57 anos, disse ter ouvido de um policial militar ao ligar para o 190, solicitando intervenção em mais um pancadão.
Ele, que vive no local há 22 anos e pediu para não ser identificado, tem vontade de seguir o “conselho” do policial que o atendeu no Copom (Centro de Operações da PM), mas afirma não ter para onde ir.
“Há três anos, todos os domingos, acontecem esses pancadões na porta das nossas casas. Todo mundo liga (para a PM), mas nada acontece. Com a subprefeitura daqui é a mesma coisa. Os moradores que sofrem”, afirmou.
Ontem o bairro estava em alerta, pois novos protestos contra a morte dos jovens poderiam ocorrer a qualquer momento. “Se acontecer qualquer coisa vamos fechar tudo”, disse um comerciante de 52 anos.
Conforme explicou, o pancadão ocorria em outra via, mas era dispersado pela PM, que instalava uma base móvel no local. Porém, após os jovens terem migrado para a Rua Cachoeira, a base não foi mais colocada. “No domingo, não podemos sair de casa. Tudo o que não presta acontece nesse local. Mas vai alguém falar alguma coisa… O certo seria ter uma base novamente”, explicou o morador.
RESPOSTA DA SECRETARIA/ A Secretaria de Segurança Pública disse, em nota, que o delegado titular do 54 DP (Cidade Tiradentes), Maurício D’Olivo, informa que os casos de domingo e de fevereiro estão sendo investigados e acontecem diligências para apurar os fatos e identificar os autores dos crimes. Já as mortes dos dois rapazes ocorridas no dia 2 de janeiro são investigadas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ninguém foi preso também. Segundo a pasta, a PM informou atuar constantemente na região e realizou, neste ano, 25 operações no bairro voltadas aos bailes funk, às sextas-feiras e aos finais de semana, para garantir a tranquilidade e a segurança da população. A secretaria ressalta que cabe ao município a fiscalização quanto ao problema do barulho. A PM não respondeu sobre a reclamação quanto ao atendimento no Copom.
Fonte: Diário de São Paulo
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